Estudantes do ‘Memórias em Rede’ fazem cobertura de encontro preparatório para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Participação no debate com perguntas, relatos e cobertura fotográfica da conferência livre ‘Desinformação, Inteligência Artificial e Algoritmos: Desafios de governança, regulação e educação midiática para garantir direitos na rede’. Essa foi a missão cumprida pelos estudantes do projeto Memórias em Rede, do Instituto Devir Educom, no início de março, no Parque Tecnológico de Santos-SP, durante encontro preparatório para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (V CNCTI), que ocorrerá em junho, em Brasília. A iniciativa visa contribuir com a melhoria do cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Brasil.

A reunião contou com cerca de 50 pessoas e discutiu a ligação das relações humanas envolvendo a tecnologia digital, em mesa formada pelo pesquisador Ergon Cugler, pelo jurista Anderson Ribeiro e pela gestora do Instituto Devir Educom e do Memórias em Rede, a jornalista Andressa Luzirão, com moderação do pesquisador Gabriel Leite. Todas as resoluções tiradas da discussão irão incluir um documento nacional da Conferência, definindo os rumos das políticas públicas na área.

Os jovens do Memórias em Rede, que estudam nas unidades municipais de ensino (UMEs) Vinte e Oito de Fevereiro e Avelino da Paz Vieira, de Santos, deram relatos e fizeram perguntas aos componentes da mesa. “É algo muito incrível poder participar de uma reunião como essa. As fake news nos bombardeiam e participar do Memórias nos abre a visão de mundo”, disse a estudante Karolyne Fernandes, 14 anos, da UME Vinte e Oito de Fevereiro.

Já o aluno Nicolas Tomaselli, 16, também integrante do projeto que leva o jornalismo para a escola sob a perspectiva da Educomunicação, trouxe para reflexão questionamentos relacionados à Inteligência Artificial (IA) e a como encontrar um caminho para não cair nas armadilhas das fake news relacionadas a assuntos como o caso da Ilha de Marajó, no Pará.
Além da mesa principal de abertura dos debates, houve painéis ligados aos temas de tecnologias que integraram a programação do Santos Summit no período da tarde do mesmo dia e estiveram à disposição de quem participou desta edição da Conferência Livre. Os temas abordados foram: “Avançar em Inovação”;  “Tecnologia e Inovação”; e “Deep Techs”.
O evento também contou com a participação do movimento estudantil de Santos e região da Baixada Santista, cujos integrantes deram importantes contribuições ao debate.

Educomunicação e regulamentação das plataformas

Gestora do Instituto Devir Educom e do Memórias em Rede, Andressa Luzirão, associada à ABPEducom, avaliou que vivemos uma crise de comunicação atualmente e que medidas são necessárias para melhorarmos esse cenário. ”A Educomunicação e a educação midiática contribuem com a construção de ecossistemas comunicativos mais dialógicos, cooperativos, respeitosos e amorosos. Precisamos entender que o afeto e o amor revolucionam”, afirmou, salientando ainda que “buscar uma educação de qualidade, 4° Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, é incluir a educomunicação e a educação midiática de forma intrínseca nos processos de aprendizagem”.

Em sua explanação, o pesquisador Ergon destacou que “as tecnologias digitais nem sempre são políticas, mas os interesses que estão por trás delas podem ser movidos por interesses políticos” e “que vivemos uma ditadura dos algoritmos”. Já o jurista Anderson discorreu sobre os projetos de lei 2338/23 (Inteligência Artificial) e 2630/20 (das Fake News), e defendeu a urgência da regulamentação das plataformas.

Documento Nacional

O público presente deu importantes contribuições e todas as resoluções tiradas da discussão irão incluir o documento nacional da Conferência, definindo os rumos das políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação no país, tratando-se de um evento de caráter e interesse público.

Entre as propostas extraídas do encontro, que tiveram participação efetiva dos jovens do projeto Memórias em Rede e serão incluídas neste documento, estão: investimentos para a implementação da Educomunicação e da Educação Midiática na escola básica e em projetos do terceiro setor; defesa de um modelo de transparente e democrático de governança intersetorial para os algoritmos das Big Techs; criação do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) Campus São Vicente na área Continental e Campus Santos na Zona Noroeste; e aprovação dos projetos de lei 2630/2020 (Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet) e 2338/2023 (Diretrizes para Inteligência Artificial).

A Conferência Livre, integrada ao calendário oficial da 5ª CNCTI, foi uma realização do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em parceria com a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), o Centro dos Estudantes de Santos e Região da Baixada Santista (CES) e o Instituto Devir Educom. E contou com o suporte do Parque Tecnológico de Santos durante o Santos Summit, maior evento de inovação e tecnologia do litoral paulista realizado entre os últimos dias 7 e 9 de março.

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